Nomes são um elemento fundamental da nossa identidade. Para explorar como eles evoluíram no Brasil ao longo do tempo, criamos um "mapa" interativo para que você interagir. Basta digitar o nome que você quer pesquisar, e nós retornamos as informações sobre ele. Você pode também comparar vários nomes ao mesmo tempo, separando-os por vírgula ou espaço na caixa de busca.
Se você não souber por onde começar, seguem algumas sugestões de perguntas para você explorar:
Se não encontrar o nome que você está procurando, não se preocupe! Isso só significa que ele é raro, e que menos de 100 pessoas na história do Brasil tiveram esse nome.
Ao mesmo tempo que os nomes são uma parte fundamental da nossa identidade e de como nos enxergamos, eles não são algo que escolhemos, mas que nos é dado. Nossos pais nos nomeiam, colocando junto com o nome todos os significados e associações que ele traz. "Customizamos" o nosso nome com abreviações, contrações, e apelidos, floreamos a maneira de escrever na assinatura, mas no fundo, não temos como escapar dos significados que eles carregam. É por isso que entender a popularidade de diferentes nomes ao longo do tempo é tão interessante.
Existem vários fatores diferentes que influenciam a popularidade de um nome. A tradição, no Brasil muito associada com a religião, é um dos mais fortes. Não é a toa que Maria é, de longe, o nome mais popular do País, tendo atingido um pico de 15% de popularidade no meio do século XX, e tendo sido atribuído a mais de 6% dos brasileiros. Mas esse não o único fator. Eventos culturais relevantes para o imaginário popular, como as vitórias da seleção brasileira na Copa do Mundo, também influenciam a popularidade dos nomes.
Isso fica claro quando olhamos para o nome Romário, com um enorme salto de popularidade em 1994, quando o jogador foi um dos principais responsáveis pelo tetra, ou para Ronaldo, com um pico em 2002 após o penta. Mesmo no final da década de 60 e até 1970, podemos observar a grande popularidade do nome Edson, em homenagem ao Pelé. E não é só do futebol que se formam as tendências. O nome Moana, uma das princesas da Disney, também teve um salto de popularidade com o lançamento do filme.
Uma outra curiosidade interessante dos nomes é que essas tendências de popularidade possibilitam também prevermos outras características de uma pessoa. Por exemplo, se você encontrar uma Leopoldina, pode ter certeza que ela tem mais de 60 anos. Isso porque o nome Leopoldina foi muito popular no começo do século XX, mas praticamente caiu em desuso após a década de 60. Por outro lado, uma Sofia provavelmente tem menos de 30 anos, já que o nome começou a crescer em popularidade por volta dos anos 2000.
O gráfico abaixo exibe os 20 nomes mais populares em um determinado ano, e você pode usar o controle para alterar o ano selecionado.
Explorando como a populariade dos nomes evoluiu ao longo dos anos, podemos ver que existe um grande efeito de "permanência" nos nomes mais populares. Maria, José, João, Antonio e Ana, por exemplo, são nomes que lideram o ranking de popularidade desde o começo do século passado (e provavelmente desde muito antes disso). Mesmo nomes que entraram na lista dos "top 20" mais tarde, quando chegam em uma posição alta, tendem a permanecer nessa lista por vários anos, até mesmo décadas. Esse efeito é intuitivamente natural: se escolhemos nomes por causa de memórias relacionadas com eles, quanto mais pessoas tem um determinado nome, mais associações positivas ele vai ter, e mais pessoas vão querer nomear seus filhos com ele.
Além do fator de popularidade, a originalidade também é algo que os pais procuram na hora de nomear os seus filhos. Entre 1900 e 2024, temos um total de 2.146.890 nomes únicos que foram atribuídos para pessoas nascidas no Brasil. Dado o tamanho da população do Brasil, esperaríamos que um determinado nome se repetisse em média a cada 100 pessoas. No entanto, a realidade é bem diferente. Existe uma grande concentração nos nomes mais populares, enquanto a maioria dos nomes é extremamente rara, como podemos ver no gráfico abaixo.
Na verdade, apenas 45.529 (2,1% do total) nomes foram dados a mais de 100 pessoas, e pouco menos de 10.000 (4,66%) nomes foram dados a mais de 1.000 pessoas. Essa prevalência dos nomes mais populares persistiu ao longo do tempo, e mesmo hoje podemos observar vários nomes "antigos" passando por uma ressurgência. A criatividade dos pais na hora de nomear seus filhos é um fenômeno relativamente recente. Até 1962 (que equivale a metade da nossa série histórica), apenas 26,3% dos nomes únicos haviam aparecido. Mais de 50% deles foram descobertos (ou "inventados") após 1980.
A grande aceleração na diversidade dos nomes vai de 1977 até 1996 (anos em que temos mais de 1,5% dos nomes únicos sendo registrados pela primeira vez), e o que os números indicam é que a adoção de novos nomes vem diminuindo ao longo do tempo, seja por mudanças nas regras de registro ou por uma tendência mais conservadora da sociedade. Após o pico de 1988, quando mais de 1,8% dos nomes únicos foram registrados pela primeira vez (ou cerca de 40.000 nomes novos), a quantidade de novos nomes sendo registrados vem caindo consistentemente.
Podemos olhar também para medidas estatísicas que nos mostram como a diversidade dos nomes vem mudando ao longo do tempo. Calculando, por exemplo, a distância de Jensen-Shannon entre os nomes registrados em dois anos diferentes, conseguimos ver como a diversidade dos nomes variou. Essa distância é uma medida de similaridade entre duas distribuições de probabilidade, com valores próximos a zero indicando que não há mudanças nos nomes, e valores próximos a 1 indicando que houve uma mudança significativa no conjunto de nomes.
Os números no gráfico confirmam a intuição que comentamos acima, sobre a permanência dos nomes mais populares ao longo do tempo. Mesmo nos anos em que a lista de nomes mais varia de um ano para o outro, estamos falando de uma variação mais próxima de zero do que de um, indicando uma mudança pequena. Os nomes tendem a permanecer iguais, e quanto mais isso acontece, mais essa tendência se reforça.
Não faltam curiosidades e perguntas interessantes que podemos fazer sobre os nomes das pessoas. É por isso que estamos disponibilizando para todas as pessoas não só os resultados da nossa pesquisa, e essa ferramenta interativa, mas também os dados que utilizamos para fazer as análises. Se você quiser explorar mais sobre os nomes, ou se quiser construir novas análises, veja abaixo como acessá-los. E, se você se interessou pelo nosso trabalho, compartilhe e entre em contato conosco!
Inspiração: Essa reportagem da The Economist
Para fazer essa pesquisa, compilamos informações públicas e publicamente disponíveis sobre indivíduos nascidos no Brasil entre 1900 e 2024. Os dados tem origem em listas de nomes e nascimentos, em órgãos oficiais (como o IBGE, o Ministério da Saúde e outros), em cartórios de registro civil, e em outras fontes abertas. Após a coleta, os dados foram organizados pelo primeiro nome e pelo ano de nascimento, padronizando os nomes para remover caracteres especiais e acentuação. Então, para cada ano, calculamos uma estimativa do percentual de pessoas nascidas que receberam um determinado nome, bem como uma serie de medidas estatísticas e contagens gerais. Para evitar qualquer riscos de violação de privacidade, não foram incluímos dados que possibilitem a identificação única de uma pessoa. O estudo não engloba sobrenomes nem a data de nascimento completa, e só foram analisados dados referentes à nomes que pertençam (ou tenham pertencido) a mais de 100 pessoas.
Como explicado acima, estamos também disponibilizando os dados utilizados nessa aplicação para download:
Todos os dados estão em formato JSON, e você pode utilizá-los para construir suas próprias análises, visualizações ou qualquer outra coisa que imaginar.Disclaimer: Os dados utilizados nessa pesquisa foram coletados de fontes públicas e são fornecidos "como estão", sem garantias de qualquer tipo.